terça-feira, 29 de dezembro de 2009

sangria

dor que se esvai
numa sangria
e vermelho que é
e dor que não fosse
olhar destreinado
quase diria
vinho entornado
da alegria

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

peso, fim

qual é o peso do peso? pergunto, subjugado que estou à força de um peso insuportável, sabendo embora que há pesos mais insuportáveis que o meu. onde é o fim do fim? e a resposta paira nesse sítio e eu tenho o peso do medo que me impede de buscá-la.

sábado, 12 de dezembro de 2009

branco carvão

o carvão risca a parede branca com um grito de raiva. compreendo o carvão. compreendo a parede. só não compreendo quem ameaça quem, qual dos dois é o verdadeiro agressor, se é que alguém agride na manifestação da sua natureza. carvão e parede branca. um risco é sempre um risco.

sábado, 5 de dezembro de 2009

fel

o espaço preenche-se de pequenas presenças e grandes ausências. o tempo, esse, é mais difícil de ser preenchido. e tu sabes isso porque tens com o tempo uma relação hostil, de irmão desavindo, um ressentimento como um cano roto, gotejando fel.