sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

cilada

tristeza, o gosto amargo da cilada. está-se bem, a dor amortecida por um sol de inverno, um sorriso da filha, uma harmonia na sala. e súbito, abre-se um buraco no chão e cai-se na tristeza. ou abre-se um buraco em nós e é a tristeza que nos cai em cima. sem dar por nada, parecia (ou queríamos que parecesse?) que o caminho era penoso mas seguro. sem alçapões dissimulados por tapetes, sem poços cobertos por folhagem, sem traições ocultas por sorrisos. mas não há caminhos seguros para se escapar à tristeza quando a alegria é frágil como a chama de uma vela. numa curva do caminho, ela surge, salteadora, para te roubar o pouco alívio que te resta.