sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
sábado, 19 de novembro de 2011
distância
domingo, 23 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
por favor
domingo, 18 de setembro de 2011
desta vez
segunda-feira, 11 de julho de 2011
convencimento
sábado, 9 de julho de 2011
mina
quando se percebe que nem a morte é uma saída, começa a viver-se uma condenação à vida. é um processo penoso e perpétuo, sem escapatória nem absolvição. uma pessoa descobre que todos os dias há-de acordar, com sol ou com chuva, doente ou saudável, sozinho ou acompanhado, mas que essas circunstâncias pouco ou nada importam porque o que unicamente importa é que nasceu mais um dia e ele terá que ser irremediavelmente vivido. o que faz do sono – quando ele é possível – o mais parecido com a trégua da morte. mas sim, nem sempre o sono é possível. há noites, e são muitas, em que a vida nos vai buscar ao catre e nos impõe algo muito parecido com a tortura do sono com que as tiranias tentavam quebrantar os prisioneiros mais obstinados. tu és resistente e forte porque aceitas a tua sorte. mas até quando vais aguentar o ferrão da revolta sem soltares o grito? por quanto mais tempo te conseguirás manter nesse torpor obediente, nessa maré vaza de auto-respeito e de vontade? e eis-me chegado a mim: está a minha alma soterrada numa mina funda ou é ela a mina funda?
sábado, 25 de junho de 2011
telhados
pairas sobre os telhados
como um pássaro de antenas
asas que planam sem planos
lamentos subindo as empenas
o céu é mais perto e mais lento
quase se toca com a língua e o sono
sobrevoa contigo como se dentro
de ti corresse um rio morno
que já foi chuva e escorreu pela goteira
e das telhas afastou gatos molhados
como a noite se revela por inteira
como a noite se transforma em casas
e os corpos que se juntam são telhados
sob os quais dormem amantes sem asas