quarta-feira, 9 de maio de 2012

ontem, num pátio

ainda ontem parecia tão longe, parecia tão cedo, o futuro. parecia que ia haver tempo. parecia que o tempo esperava por mim e que nessa espera se distrairia de mim, facilitando-me a fuga. eu não queria crescer. queria ficar a brincar no dia de ontem como num pátio. queria que o futuro fosse apenas um pouco futuro, nada de definitivo, nada para levar muito a sério.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

sob as minhas veias corre um rio

Sob as minhas veias corre um rio
Rio de nada, nervos e aço
Subterrâneo, estranho e frio
Num leito estéril, seco, escasso.

Afluentes do desejo e do medo
Desaguam nesse rio já sem voz
Afogados nas águas de um segredo
Nascido na turbulência da foz.

Das margens crescem sonhos como teias
Prisioneiros de si mesmos nesse fio
Que tece, ensanguentadas, minhas veias.

Não há sonho que resista a esse rio.
Esperança arrastada pelas cheias
Que brotam, violentas, do vazio.