sábado, 25 de junho de 2011

telhados

pairas sobre os telhados

como um pássaro de antenas

asas que planam sem planos

lamentos subindo as empenas


o céu é mais perto e mais lento

quase se toca com a língua e o sono

sobrevoa contigo como se dentro

de ti corresse um rio morno


que já foi chuva e escorreu pela goteira

e das telhas afastou gatos molhados

como a noite se revela por inteira


como a noite se transforma em casas

e os corpos que se juntam são telhados

sob os quais dormem amantes sem asas