domingo, 12 de julho de 2009

a soma das perdas

o peso incomensurável da perda. a soma de perdas concretas, diárias, umas maiores do que outras, mais pesadas, mais difíceis de suportar, perdas reais que se acumulam umas sobre as outras, se misturam numa magma ao fim de um tempo irreconhecível, destratificada, apenas percebida, sentida, conhecida como uma perda só, única, sem tamanho. “tudo quiseste tudo perdeste”, ouve a avó murmurar-lhe ao ouvido, a voz vindo de um lugar ao longe mas sentindo o bafo da velhice entrar-lhe pelas narinas, palavras em gengivas, sibilinas e escarninhas, como um aviso de serpente antes ignorado e agora jubiloso na vingança dos factos. tudo quis mas não é esse o tipo de perda que agora o subjuga, ou não é só isso, essa é apenas uma parcela minúscula no cômputo da grande perda, algo que vai muito além das coisas que se podem ganhar, conquistar, encontrar e que se podem perder também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário