domingo, 30 de agosto de 2009

por inventar

uma estranheza e um puxão. estás no meio de uma rua movimentada, numa alienada ausência, não te lembras se ias atravessá-la, ou de que lado vinhas, ou para onde ias, e ficas paralisado, enquanto os outros transeúntes seguem o seu caminho apressado na passadeira, uns no teu sentido, outros no oposto, mas todos seguem sem se quedarem, quem pára no meio de uma rua movimentada de gente e de carros? e o sinal para os peões fica vermelho e tu já és o único no meio da passadeira, no perfeito centro das faixas brancas e pretas, não estás virado para nenhuma das margens mas antes virado de frente, um minúsculo bote afrontando um cargueiro gigantesco num mar violento. é quando alguém te dá um puxão pelo braço, arrasta-te até uma das margens, "você é louco, homem?", e te deixa ali no passeio, algumas pessoas a olharem para ti, tu numa estranheza imensa porque não deverias estar naquele lugar, deverias estar muito longe, num lugar sem carros e sem gente, numa cidade por inventar, banhada por outro oceano.

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